Chesley Bonestell, o artista que levou a humanidade à outros mundos

O papel da arte na divulgação de descobertas astronômicas tem uma longa história. Chesley Bonestell foi um dos pioneiros nessa área, criando imagens de planetas, estrelas e satélites distantes, muito antes de Neil Armstrong pisar na lua.

“Eu não sabia como se pareciam outros mundos até ver as punturas de Chesley Bonestell” comentou certa vez o astrofísico Carl Sagan, uma das mais importantes figuras na história da divulgação científica. O trabalho de Chesley Bonestell era tão bem recebido, pela comunidade científica e pelo público, que suas ilustrações acompanhavam os artigos do engenheiro espacial alemão Wernher Von Braun que resultaram no programa espacial americano.

Saturno visto de sua lua Titan

Studio na Colab55

Desde o começo, a NASA contou com o recurso artístico visual omo forma de comunicação com o público e com o próprio governo. Por mais de cinquenta anos a NASA trabalhou com artistas como Walt Disney e Norman Rockell. As excitantes imagens de planetas distantes e naves futurísticas ajudaram o programa espacial ganhar apoio e força.

Saturno visto de sua lua Reia

Nascido em 1888, Chesley Bonestell começou a pintar aos cinco anos de idade. Seu interesse por astronomia começou aos sete anos, quando começou a visitar telescópios, observatórios e planetários. As primeiras pinturas explorando o tema vieram logo em seguida, aos 10. Segundo Chesley, sua primeira pintura astronômica foi uma de Saturno, primeiro planeta observado no telescópio pelo artista e tema que se tornaria um de seus favoritos.

Começou sua carreira profissional trabalhando como vendedor no jornal de seu avô durante o dia e fazendo faculdade de arte a noite. Mais tarde, começou a ganhar a se sustentar como designer e também ilustrando anúncios para revistas e jornais como Look, Coronet, Pic and Mechanix Illustrated to Air Trails, Scientific American Astounding Science Fiction.

Chesley possui também uma frutífera relação com o cinema, trabalhou com cenários, cartazes e estudos para filmes como Mulheres-gato da Lua, de 1953, na adaptação da obra de H. G. WellsGuerra dos Mundos de 1956, dirigida por Byron Haskin, A Conquista do Espaço, também de Haskin, nos clássicos de Orson WellsO Quarto Mandamento e Cidadão Kane, além da série televisiva Homens no Espaço. Já nesse período suas ilustrações espaciais começaram a ganhar destaque.

Cenário para Guerra dos Mundos
Estudos para Guerra dos Mundos
Cenário para Cidadão Kane
Cenário para A Conquista da Lua

Em 1944, sua série de pinturas representando Saturno visto de suas luas na revista Life. Vários cientistas, engenheiros, astronautas, e entusiastas da pesquisa espacial citam o trabalho de Chesley como uma forte influência. Entre eles Carl Sagan, que chamou a pintura da vista de Saturno de sua lua Titan de “A pintura que inspirou carreiras”. Nessa mesma época conheceu  Wernher Von Braun em uma convenção, que o convidou a trabalhar com o programa espacial.

Chesley Bonestell e Wernher Von Braun
Exploração de Marte

Entre os grandes nomes com quem trabalhou está Edwin P. Hubble, astrônomo conhecido por ter descoberto que as até então chamadas nebulosas eram na verdade galáxias fora da Via Láctea, e as observando, descobriu que o universo estava em expansão, e também por dar nome ao primeiro telescópio espacial, posto em órbita em 1990, para estudar o espaço sem as distorções causadas pela atmosfera. Também o escritor britânico Arthur C. Clarke, conhecido por 2001: Uma Odisseia no Espaço. O artista afirma também ter conhecido o famoso escritor norte-americano Mark Twain, com quem teve a breve conversa “Olá, Mark Twain, como está” – “Olá, meu garoto, estou bem”.

Saturno visto de sua lua Titan
O planeta Terra em seu nascimento
Via Láctea vista de um planeta hipotético
Superfície da Lua
Exploração de Marte
Saturno visto de sua lua Reia

A entrevista abaixo foi realizada por John MosleyRobert Kline em 1983, quando Chesley tinha 95 anos. São uma hora e quinze de entrevista, praticamente sem edição, com o artista. Infelizmente, sem legenda, mas pra quem entende inglês, vale a pena passar esse tempo no atelier desse fascinante personagem da história da arte e da ciência.

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