Stardew Valley, um cantinho de paz meio a um mundo caótico

Em nossa coluna especializada em games alternativos e autorais, nosso colaborador Yuri Beira passeia pelas tranquilas paisagens de Stardew Valley.

O maior desafio de Stardew Valley é não gostar dele. Um jogo que agrada quase todos os públicos possíveis é coisa que surge uma vez ou outra; seja pela qualidade absurda ou seja por sua proposta casual, Stardew Valley é um dos jogos indies de maior sucesso dos últimos tempos. E, o mais impressionante de tudo, foi feito por um só indivíduo — é mole?

Imagens que antecedem uma de suas mais tranquilas prisões num jogo. Sério, é impossível não reconhecer a calma que é transmitida em cada aspecto de Stardew Valley, seja na sua trilha sonora, seja no seu cenário, na sua proposta (poxa, você é um fazendeiro, longe do caos das metrópoles; quer mais paz que isso?!), o jogo é simplesmente cativante. Se você jogou Harvest Moon em algum momento de sua vida… melhor ainda!

Bem-vindos a Stardew Valley, então! Um cantinho de paz meio a um mundo caótico, cheio de personagens vivos com quem você criará laços e, eventualmente, quando partir, sentirá falta — oh, os momentos que não passei com você, minha Penny! Enquanto jogo propriamente dito, Stardew manda muito bem também. O sentimento de progressão é evidente e você sabe pra onde ir, o que fazer e, geralmente, como fazer, o que é ótimo, pois cada dia é um dia cheio. Para quem é mais objetivo e deseja os maiores triunfos, o jogo é profundo o suficiente pra oferecer certos desafios que só podem ser alcançados meio a uma dedicação que nem todos estão dispostos a dispor — e é aí que se atingem novos públicos também! Mas isso não é papo pra uma coluna tão subjetiva como essa, não é?

Studio na Colab55

Se bobear, desde Chrono Cross eu não sinto algo tão grande por uma trilha sonora assim. Ok, a de Hotline Miami é ótima e tudo mais, mas ela, além de ter sido produzida por artistas, não possui tamanha carga emotiva, o que é claro na de Stardew Valley. Cada faixa me lembra de algo; cada uma delas te marca de alguma forma. 

A proposta do jogo, como já disse, é bem simples na realidade: você é um fazendeiro recém-chegado numa cidadezinha pacata e deve se integrar com a comunidade e evoluir suas capacidades agrárias (!). Basicamente, é isso. Mas cada personagem é tão marcante, tão profundo dentro das capacidades do jogo, que todos acabam sendo dignos de serem conhecidos a fundo. Então vá lá, fale com todo mundo, descubra o que cada um goste e os presenteie todos os dias, veja o que cada um desses moradores têm dentro de si, pois vale a pena. Na questão “agricultura”, é bem divertido ir descobrindo novas estratégias pra cada estação, plantar certas coisas só pra presentear, fazer diferentes itens; é bem simples, mas é na simplicidade que muitas coisas conseguem se destacar. Há também uma mina para você explorar e, principalmente, fazer as armas/ferramentas mais eficientes, combatendo os inimigos que infestam ela. Pois é, o jogo também tem combate. O que falta, então, a Stardew Valley?

A resposta pra questão que fechou o último parágrafo é: “um sistema de pesca que não seja impossível!” — calma, é brincadeira… Com exceção dos peixes lendários, a pesca também é bem tranquila. Pode não parecer muito excitante ficar coletando recursos, fazendo um monte de coisa pra produzir mais e mais plantações, frutos, etc. mas esse é o propósito do jogo, afinal, como reclamar disso? Olhando de longe, parece que há um sentimento de vazio em Stardew Valley (era, inclusive, o que eu achava antes de jogar), que bom que eu pus essa dúvida à prova.

Com quase 70 horas de jogo e boa parte das conquistas feitas, digo que Stardew Valley merece uma visita, uma revisita, uma rerevisita e segue a lista. Um fato que eu sempre gosto de comentar é sobre quando eu parei de visitar a vila para focar nas conquistas de ganhar dinheiro, ou seja, dormia, acordava, dormia, acordava, colhia, regava, etc., e isso me causou uma melancolia tão grande que questionei minha sanidade… É, eventualmente você se apega tanto à Pelican Town que você virá tão parte dela quanto seu personagem…

Faça, pelo menos, os objetivos mais “comuns” do jogo, como ganhar os festivais, reconstruir o centro comunitário, se casar, etc. Vale a pena, sempre essas coisas vêm acompanhadas de uma reação da comunidade, uma ceninha divertida/bunitinha — é pra isso que estamos jogando um jogo de fazendinha, não é?… Pra falara verdade, por mim, vendo a história do Shane já é o suficiente; do que lembro, é a melhor.

É isso, então. Com seu jeitinho simples, Stardew Valley eventualmente te conquista, te faz parte dele, entra na sua cabeça pro resto da sua vida. Depois de um tempo, você vai querer ouvir a trilha sonora, quem sabe até revisitar sua fazenda. Se voltar, que tal ver até onde você chega na Skull Cavern (uma espécie de conteúdo de fim de jogo infinito), tentar completar o joguinho de arcade da taverna (boa sorte… você vai ver como esse ‘joguinho’ faz de Stardew o Dark Souls dos jogos de fazenda), ou até mesmo começar um outro jogo, agora jogando com um amigo, no modo co-op? Enfim, há coisas de sobra pra se fazer em Stardew Valley, é só querer — e você vai querer.

Aproveite os aniversários pra acelerar o processo das amizades; todo mundo gosta de presente no niver! Fique de olho nos festivais e se planeje. É aquela coisa: cada dia em Stardew é um dia cheio, aproveite ao máximo, volte pra casa só quando estiver zerado de energia. Pare de jogar só quando estiver zerado de energia, pois essa obra, meus amigos, vale a pena!

Stardew Valley, meus peixes! (poderia ter sido bem melhor…)

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