As personas de David Bowie – Parte 3: Halloween Jack e a futurista Hunger City

NA-NU apresenta aqui uma lista detalhada dos principais personagens presentes nas canções, nos palcos e na história de David Bowie. Na terceira parte, Halloween Jack e o mundo futurista de Hunger City.

Essa é a terceira parte dessa série de posts sobre as personas de David Bowie, veja a primeira parte sobre Major Tom e a segunda sobre Ziggy Stardust

Studio na Colab55

Após terminar as gravações do álbum Pin Ups, de 1973 David Bowie começou a escrever material para uma possível adaptação musical da obra 1984, do escritor George Orwell. Porém os detentores dos direitos da obra negaram a adaptação. A ideia se tornou a versão de Bowie de um um mundo pós-apocalíptico glam em Diamond Dogs, o oitavo álbum de estúdio do músico.

A arte de capa de Diamond Dogs mostra Bowie como um mutante meio-homem, meio-cão. Ilustração do artista visual belga artista belga Guy Peellaert. A versão inteira da capa, que claramente mostra a genitália da criatura foi censurada e rapidamente recolhida das prateleiras. A versão do álbum com a ilustração completa está entre os discos mais caros de todos os tempos, segundo a revista para colecionadores de vinil, Goldmine.

Halloween Jack “um verdadeiro gato legal” que vive na decadente Hunger City (Cidade da Fome). Halloween Jack serve como uma espécie de guia do espectador pelo mundo futurista e decadente de Diamond Dogs.

Halloween Jack

Bowie chegou a desenhar storyboards, estudos e produzir maquetes para um possível filme baseado em sua visão glam-futurista da cidade de Hunger City.

Estudos de Bowie para um possível filme ou série de TV em Hunger City
Estudos de Bowie para um possível filme ou série de TV em Hunger City
Estudos de Bowie para um possível filme ou série de TV em Hunger City

No encarte de Outside, álbum conceitual lançado em 1995, Bowie apresenta um conto intitulado The diary of Nathan Adler or the art-ritual murder of Baby Grace Blue: A non-linear Gothic Drama Hyper-cycle (O Diário de Nathan Adler e o assassinato ritualístico artístico de Baby Grace Blue: Um drama não linear hiper-cíclico). A narrativa apresenta uma visão distópica do ano de 1999, onde o governo, através de sua comissão de artes, criara uma divisão para investigar o fenômeno do Art Crime (Crime de Arte).  Nesse futuro, assassinato e mutilação haviam se tornado a nova expressão da arte underground. O personagem Nathan Adler é ao mesmo tempo crítico de arte e policial investigador que deve decidir o que dessa arte era legalmente aceitável, o que era expressão artística, e o que era lixo. Bowie afirmaria que o álbum tem “fortes remanescentes de Diamond Dogs. A ideia dessa situação pós-apocalíptica. Você meio que pode senti-la. Talvez um aspecto em comum entre algumas coisas de Outside e o milênio vindouro é esse novo culto pagão, toda essa procura por uma nova vida espiritual que está acontecendo. Por causa da forma como demolimos a ideia de Deus com aquele triunvirato no início de século, NietzscheEinstein e Freud. Eles realmente demoliram tudo em que acreditávamos. ‘O tempo se curva, Deus está morto, o eu interior é feito de múltiplas personalidades’… nossa, onde é que nós estamos? […] Fico pensando em se percebemos que a única coisa que conseguimos criar como ‘Deus’ foi a bomba de hidrogênio e que a consequência da percepção de que, como deuses, parecemos somente capazes de produzir desastres é que as pessoas estão tentando achar alguma religação espiritual e universalidade com uma vida interna realmente nutrida. Mas há também essa positividade que hoje é encontrada e que não estava presente no fim do século passado. Naquela época, o slogan geral entre a comunidade artística e literária era de que o fim do mundo estava chegando. Eles realmente sentiam que em 1899 não havia nada mais, que somente o completo desastre poderia ocorrer. Não é assim hoje. Nós podemos estar um pouco desconfiados ou tensos sobre o que está por vir, mas não há um sentimento de que tudo vai acabar no ano 2000. Ao invés disso, há quase um sentimento comemorativo de ‘bem, pelo menos podemos conversar e realmente pôr tudo no lugar.”

O álbum reuniu Bowie com Brian Eno, formando a dupla que trabalhou na célebre Trilogia de Berlim, no final dos anos 1970 colocou Bowie de volta à cena mainstream do rock com os singles  The Hearts Filthy Lesson, Strangers When We Meet, e Hallo Spaceboy (remixado pelos Pet Shop Boys).

Fica ligado no NA-NU para conferir a segunda parte dessa série de posts, onde vamos falar sobre a criação mais polêmica criação de Bowie, o Duque Alto e Pálido.

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