Maya Deren (1917-1961) era coreógrafa, dançarina, poeta, escritora e fotógrafa, mas é o seu trabalho como cineasta e teórica do cinema que se tornaria extremamente influente e relevante. Deren defendia o corpo e a mente como equipamento fundamental do produtor de cinema e a criatividade e inventividade do cinema amador.
Maya Deren, nascida Eleanora Derenkovskaya em 1917 em Kiev, na Ucrânia, se mudou para os EUA em 1922. Além de cineasta, Deren possui um extenso trabalho de pesquisa e publicações teóricas sobre a arte de fazer cinema. Maya escreveu uma série de artigos em uma revista chamada Movie Makers – The Official Magazine of the Amateure Cinema League (tradução: Cineastas – A Revista Oficial da Liga Amadora de Cinema). A liga em questão foi fundada no início dos anos 20 com o objetivo de enaltecer a pratica do cinema amador, celebrando o amadorismo como meio para a criatividade, a expressão e o amor pela arte, sem a contaminação pela necessidade do lucro. Para Derem, amadorismo significava liberdade.
“Estou plenamente convencida que um dos pré-requisitos para que um trabalho seja realmente original e criativo é o de que a produção seja modesta o bastante para permitir a falha”, afirma Deren em seu livro, Planning by Eye. Deren, que também era coreógrafa, possuía um interesse especial pelo corpo humano, em frente e por trás das câmeras. Maya Deren encorajava o produtor de cinema a se libertar da necessidade e comodismo do equipamento, incluindo o tripé. Deren propunha a utilização do próprio corpo como equipamento, pois é corpo é o mais versátil, flexível e móvel instrumento disponível, e a mente do artista, a mais poderosa.
Deren propõe o conceito de “acidentes controlados” para a construção de universos cinematográficos. Acidentes controlados são aqueles elementos mundanos fora do alcance do controle do cineasta. Ela usa o exemplo a cena de seu filme At Land, de 1944, captada na praia. “O filme se apropria da realidade para construir a realidade da cena – do sopro natural do vento nos cabelos, a irregularidade das ondas, a textura das pedras e da areia – resumindo, tudo que não se pode controlar. Os elementos espontâneos que são propriedades da própria realidade” afirma a artista em seu livro Cinematography: The Creative Use of Reality.
O trabalho de Maya Deren como cineasta, assim como seu discurso como teórica, não é de forma alguma comprometido com a narrativa tradicional e/ou realista. O interesse pela realidade é expressado através de imagens mundanas e até cotidianas, apresentadas de formas fantásticas que só poderiam ser criadas através da linguagem do cinema. Maya em seus textos encorajava cineastas amadores e independentes a serem criativos e cuidadosos na maneira de planejar a produção de seus filmes, e de sempre ter em mente os elementos que fazem do cinema uma forma única de arte: a manipulação do espaço-tempo utilizando os recursos da edição e sobreposição de imagens.
Quer mais arte, cultura e entretenimento? Continue NA-NUZEANDO.