Assista na íntegra A Revolução Dos Bichos, longa metragem inglês em animação lançado em 1954, baseado na obra de George Orwell.
A Revolução dos Bichos (Animal Farm no título original), baseado na clássica obra homônima de George Orwell, foi o primeiro longa metragem em animação da Grã-Bretanha. Foi lançado em 1954, produzido e dirigido pelo casal de animadores John Halas e Joy Batchelor, do estúdio Halas and Batchelor Cartoons. A animadora Joy Batchelor teve um papel fundamental na produção, escrevendo a maior parte do roteiro e desenvolvendo o design dos personagens. Para adaptar a complexa história de A Revolução dos Bichos, ela criou gráficos para conectar os personagens e avaliar a ascensão e queda da tensão emocional em relação aos principais pontos da trama. Estes estudos também incluíam dicas para as mudanças de intensidade na trilha sonora. Os gráficos ajudaram a decidir quais personagens eram fundamentais e quais poderiam ser retirados do roteiro, e quais cenas poderiam ser encurtadas, mantendo a história e a mensagem de A Revolução dos Bichos.
A obra literária original, A Revolução dos Bichos (Animal Farm) do escritor inglês George Orwell, lançada em 1945, é uma novela alegórica satírica em forma de fábula que trata sobre a corrupção de ideais, a manipulação da verdade, o perigo de líderes carismáticos e o totalitarismo. O livro conta a história dos animais de uma fazenda que, cansados da opressão por conta do fazendeiro Jonas, tomam o poder em uma revolução. Os animais tentam criar uma sociedade utópica, porém acabam em uma ditadura tão corrupta e opressora quanto quando a fazenda era administrada por humanos.
Após a morte de Orwell em 1950, sua viúva, Sonia Orwell, vendeu os direitos de filmagem de A Revolução dos Bichos para os executivos Carleton Alsop e Farris Farr. O que Sonia não sabia é que Alsop e Farr eram, na verdade, agentes secretos do Escritório de Coordenação de Políticas da Agência Central de Inteligência (CIA) que pretendiam utilizar o filme como propaganda anticomunista. John Halas e Joy Batchelor foram escolhidos pois já haviam produzido material antifascista durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar desta experiência anterior, Halas, Batchellor e a equipe de animação não sabiam que o filme havia sido iniciado e financiado pela CIA. O fato só veio a tona quatro décadas após o lançamento do filme , quando o historiador da Guerra Fria Tony Shaw descobriu o envolvimento da Agência.
Imagem do filme na capa do compacto English Civil War, do The Clash , lançado em 1979.
A intenção de utilizar o filme como ferramenta anticomunista não foi muito bem sucedida. Os agentes da CIA envolvidos não gostaram do resultado final e tentaram forçar diversas mudanças. Além disso, o filme foi um fracasso de bilheteria e seu orçamento só seria recuperado quinze anos após o lançamento. Teve, porém, uma boa recepção da crítica. O crítico de cinema C. A. Lejeune escreveu na época: “Saúdo A Revolução dos Bichos como um belo trabalho… [a equipe de produção] fez um filme para os olhos, ouvidos, coração e mente”. A trilha sonora de Matyas Seiber e a performance vocal de Maurice Denham (que foi o responsável por todas as vozes e ruídos de animais no filme) foram elogiadas especificamente. O estilo de animação foi descrito como “Disney que virou sério”. A histórica banda punk The Clash usou uma imagem do filme como capa de seu single English Civil War, lançado em 1979.
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