Tokusatsu Parte 3: National Kid, Jaspion e Jiraiya, o tokusatsu no Brasil

Na terceira parte série sobre o Tokusatsu, vamos observar a relação especial do Brasil com o gênero e o sucesso de séries como National kid e Jaspion.

Esta é a terceira parte da série de posts do NA-NU sobre o gênero cinematográfico/televisivo japonês tokusatsu, confira a primeira parte sobre o Daikaijū e o nascimento do tokusatsu, e a segunda parte sobre o nascimento do Henshin Hero, os super-heróis japoneses. 

O Brasil tem uma relação especial com o tokusatsu. Várias séries de super-heróis, robôs e monstros japoneses fizeram muito sucesso no Brasil, muitas vezes, mais do que no Japão ou no resto do mundo. Essa tendência começou com o primeiro Henshin Hero a aparecer em telas nacionais, National Kid. National Kid (ナショナルキッド– Nashônaru Kiddo em japonês) é uma série japonesa de tokusatsu que foi exibida no Japão de 4 de agosto de 1960 a 27 de abril de 1961, produzida pela Toei Company e exibida pela NET (atual TV Asahi). Em 1960, a editora japonesa Kodansha, a National Eletronics (atual Panasonic) e Toei Company se uniram afim de criar um mangá inspirado nas histórias de ficção científica que estavam fazendo sucesso na época, com monstros, seres vindos do espaço e super-heróis. A missão de criar o herói ficou para o desenhista da Kodansha, Daiji Kazumine, que anos mais tarde também produziria Spectreman. Assim como citado Super Gigante ( Ver a segunda parte dessa série de posts ) National Kid sofreu forte influência do seriado As Aventuras do Super-Homem. Logo a Toei produziu uma série para a TV com o herói que acabou se tornando uma espécie de garoto propaganda da National Eletronics. Para a série televisiva o diretor foi Nagayoshi Akasaka. Apesar da enorme popularidade da série no Brasil, a série não fez sucesso em nenhum outro lugar do mundo, incluindo o Japão.

National Kid foi exibida pela TV Record, a partir de 1964. Durante a ditadura militar, os censores proibiram terminantemente a apresentação de qualquer super-heróis na televisão brasileira. Com isso vários seriados como Superman, National Kid, e outros foram proibidos de ir ao ar. Em 1968 a série re-estreou na TV Excelsior ficando apenas mais um ano no ar.

Studio na Colab55

Spectreman foi exibida no Brasil de 1981 á 1982 pela Rede Record e 1983 até 1990 na TVS (atual SBT). Spectreman (スペクトルマン – Supekutoruman) foi exibido originalmente pela Fuji Television entre 1971 e 1972. Criado por Souji Ushio (pseudônimo de Tomio Sagisu), presidente da extinta produtora japonesa P-Productions. O seriado contava a luta do androide Spectreman contra o genial cientista Dr. Gori e seu divertido auxiliar, Karas, ambos simioides (homens-macaco). Além da tradicional guerra do bem contra o mal, as aventuras de Spectreman traziam reflexões sobre o meio ambiente, tema presente em praticamente todos os episódios. Os monstros criados pelo vilão Dr. Gori usavam o poluição como matéria-prima.

A serie Vingadores do Espaço ou Embaixador Magma (マグマ大使 – Maguma Taishi), criada em 1967 por Osamu Tezuka estreou na TV brasileira no final da década de 1960 na TV Bandeirantes e depois na década de 1970 na Rede Tupi de Televisão, e na década de 1980 na TV Record. Sua última exibição na TV aberta brasileira foi em 1986 na sessão de series da TV Record, Heróis do Espaço. Foi lançada em DVD em 2 volumes pela á Cultclassics DVD, em som original com legendas em português. A série apresentava as aventuras de Goldar (Maguma), sua esposa Silvar (Boru) e seu filho Gam lutando contra o terrível alienígena Rodak (Goa) que queria dominar a Terra a todo o custo com a ajuda de seus monstros.

Nos anos 70 a rede Tupi também exibiu Robô Gigante, série clássica do e uma das pioneiras do gênero mecha, que a gente já citou na primeira parte dos posts sobre o tokusatsu. Nos anos 80 a série foi exibida pela TV Record e sua última exibição na TV aberta brasileira também foi no bloco da Record, Heróis do Espaço. Robô Gigante também foi lançada em DVD pela CultClassics, contendo todos 26 episódios em 3 discos dublados em inglês com legendas em português.

O Fantástico Jaspion, exibido pela TV Manchete a partir de 1988, no programa Clube da Criança, apresentado por Angélica, foi uma das mais populares séries tokusatsu exibidas no Brasil. Kyojuu Tokusou Jasupioso (巨獣特捜ジャスピオン – Kyojū Tokusō Jasupion) é uma série  pertencente à franquia dos Metal Heroes. Produzida pela Toei Company e exibida originalmente 1985 e 1986 pela TV Asahi. Foi estrelada pelo ator e dublê Hikaru Kurosaki no papel título. O nome original Juspion é uma amálgama das palavras Justice e Champion (Campeão da Justiça). No auge, Jaspion obteve os maiores índices de audiência da história da TV Manchete chegando a bater a audiência do concorrente Xou da Xuxa, na Globo.

Jaspion foi encontrado quando criança por Edin após sobreviver um acidente espacial no qual perdeu seus pais. Criado pelo profeta, Jaspion cresceu em harmonia com os animais e a vida selvagem. Quando se tornou adulto, Edin o avisou da ameaça de Satan Goss (vilão extremamente inspirado em Darth Vader) sobre o universo, prevista na Bíblia Galáctica, e Jaspion partiu para uma jornada pelo espaço. Após visitar alguns planetas, ele chega à Terra para livrá-la da investida de Satan Goss e de seu filho MacGaren.

Em fevereiro de 2018, a Sato Company anunciou um filme brasileiro do herói com autorização da Toei Company como comemoração dos 30 anos da série no Brasil e dos 110 anos da imigração japonesa.O elenco será apresentado no Japão em agosto.

Juntamente com Jaspion, o programa Clube da Criança também exibiu a série Esquadrão Relâmpago Changeman (電撃戦隊チェンジマン, Dengeki Sentai Chenjiman). A gente já citou os Changeman por aqui na segunda parte dos posts sobre tokusatsu. A série faz parte da franquia Super Sentais, produzida pela Toei. Fez grande sucesso no Japão e no Brasil, onde foi exibido a partir de 1988 pela Rede Manchete até 1994, a partir do mesmo ano pela Rede Record e mais tarde pela CNT/Gazeta. A série completa foi lançada em VHS pela TV Manchete. Também foi exibida pela Rede Brasil. A série voltou a fazer sua reestreia na TV Diário e em 2009, a Focus Filmes lançou um box de DVDs da série.

Outra série do gênero Henshin Hero muito popular nos anos 80 / 90 no Brasil foi Poderoso Lion Man (風雲ライオン丸 – Fūun Raionmaru). Também exibida pela TV manchete a partir de 1989, o seriado estreou no Japão em 1973 e foi criado por Tomio Sagisu e também produzido pela P – Production. Lion Man conta a história de Dan Shimaru, um samurai de 21 anos que, após ter o irmão Dan Kage Noshin morto por Nezuma, um monstro humano aliado da inescrupulosa família Mantor do Diabo, parte para a batalha. A série anterior, O Vigilante Guerreiro Lion Man (快傑ライオン丸 – Kaiketsu Raionmaru), conhecida aqui como Lion Man Branco também foi exibida posteriormente no Brasil.

Jiraiya: O Incrível Ninja (世界忍者戦ジライヤ, Sekai Ninja Sen Jiraiya, que pode ser traduzido como Guerra Mundial dos Ninjas Jiraiya) é outra série de televisão japonesa do gênero tokusatsu que foi muito popular no Brasil. Assim como Jaspion pertence ao gênero Metal Hero e foi produzida pela Toei Company, exibida originalmente entre 1988 e 1989 pela TV Asahi. A série também foi exibida no Brasil pela rede Manchete, mais tarde pela RedeTV, Rede Brasil, NGT, TV Diário e Ulbra TV, mantendo-se na programação brasileira até 2014.

Jiraiya: O Incrível Ninja conta a história de um jovem Touha Yamaji (山地闘破 – Yamaji Tōha), que foi adotado por Tetsuzan Yamaji (山地哲山 – Yamaji Tetsuzan) sucessor do clã ninja Togakure (戸隠流, Togakure-ryū), possuí um dojo onde ensina e treina seus três filhos em ninjutsu, seus outros dois filhos são Kei e Manabu. Ele guarda a missão passada a cada geração de seu clã, de proteger o segredo do paradeiro de Pako.

Policial de Aço Jiban (機動刑事ジバン – Kidō Keiji Jiban, que pode ser traduzido como Detetive Móvel Jiban) é mais uma série tokusatsu da franquia Metal Hero que fez muito sucesso no Brasil. Produzida pela Toei Company entre 1989 e 1990, foi altamente inspirada no personagem estadunidense, Robocop. Trazida ao Brasil pela extinta distribuidora Top Tape, foi exibida a partir de 1990 pela Rede Manchete.

Outro destaque é Beleza Mascarada Patrine (美少女仮面ポワトリン – Bishōjo Kamen Powatorin), lançado no Brasil como Estrela Fascinante Patrine, uma das pouquíssimas séries da geração protagonizada por uma personagem feminina. A jovem colegial Sayuri Nakami (Yuko Murakami no original japonês), interpretada por Yuko Hanashima recebe de um estranho velhinho o poder de se transformar na Estrela Fascinante Patrine, a fim de proteger a paz na cidade. Na verdade, esse velhinho é o deus da cidade e dita a ela a seguinte condição: ela não deve revelar sua identidade secreta a ninguém, sob pena de ser transformada num sapo. Beleza Mascarada Patrine também foi exibida pela Rede Manchete, estreando em 1995.

Entre outras séries japonesas tokusatsu exibidas no Brasil estão Machineman (星雲仮面マシンマン – Seiun Kamen Mashinman, que pode ser traduzido como Máscara Nebulosa Machineman), exibida no Brasil pela Bandeirantes em 1990, pela Record em 1993 e posteriormente também na NGT, Bicrossers (兄弟拳バイクロッサー – Kyodai Ken Byclosser), criação de Shotaro Ishinomori, um dos mais importantes autores de séries de tokusatsu da Toei Company, criador de Kamen Rider, também exibida no Brasil, Patrine entre muitos outros. Além de Cybercop – os Policiais do Futuro (電脳警察サイバーコップ – Dennō Keisatsu Saibākoppu), que pode ser traduzido como Polícia Computadorizada CyberCop),  exibida pela extinta Rede Manchete no início dos anos 90.

Em 1995, inicialmente como número especial da Revista Dragão Brasil, publicação brasileira especializada em RPGs, foi lançado o jogo Defensores de Tóquio. Criado pelo ilustrador e quadrinista Marcelo Cassaro, o jogo era uma homenagem/paródia das séries tokusatsu, jogos de luta e animes japoneses populares no Brasil. O jogo que começou quase como uma brincadeira tornou-se muito popular e ganhou diversas re-edições e revisões.

Em 1994 a série Power Rangers, adaptação americana da série Super Sentai, Esquadrão Dinossauro Zyuranger (Kyoryu Sentai Zyuranger) começou a ser exibida para o público brasileiro através do canal a cabo Fox, e em 1995 pela Rede Globo. Apesar de ser uma versão estadunidense, pode-se afirmar que a série acabou se tornando a maior febre tokusatsu que já se viu por aqui, popularidade que se mantém até hoje. Não perca a próxima parte dessa série de posts sobre o tokusatsu, onde vamos falar sobre o  tokusatsu nos EUA.

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