Geração Bendita é o álbum da banda Spectrum, gravado para a trilha do “primeiro filme hippie do Brasil”. Dado como perdido por mais de vinte anos, relançado em CD nos anos 90 e redescoberto por colecionadores estrangeiros nos anos 2000.
A banda Spectrum, foi formada em 1967 (inicialmente com o nome de 2000 Volts) por adolescentes da cidade de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Na época, uma cena inspirada pelo rock psicodélico americano crescia na cidade, que abrigava na época diversas comunidades hippies. Após alguns anos se apresentando em festas e eventos pela região, a banda recebeu o convite para gravar a trilha sonora do filme Geração Bendita – É Isso Aí Bicho.
A Spectrum, composta por José Luiz Caetano Da Silva na guitarra, Fernando Gomes Correa Jr. na bateria, Nando Teixeira De Almeida, guitarra, Serginho Nogueira Régly também na guitarra e Toby Corrêa Da Rocha no baixo convidou o músico David John Giecco para colaborar na composição do álbum.
O filme Geração Bendita – É Isso Aí Bicho foi produzido por Carl Kohler, dono da localidade Quiabos, onde habitava uma comunidade hippie. O filme foi inteiramente realizado por membros da comunidade. Anunciado como “o primeiro filme hippie do Brasil”. Classificado como cinema livre, o filme mistura ficção, documentário e experimentação que no mínimo funcionam como um registro do clima, pensamento e movimento da época. Assista abaixo o trailer do longa metragem.
O disco foi gravado no Rio de Janeiro, nos estúdios da Todamérica Música Ltda, gravadora especializada nos cantores de rádio. Assim como filme tiveram uma pequena distribuição e divulgação, porém a obra acabou sendo censurada pela ditadura militar. Geração Bendita e sua trilha sonora foram impedidos de circular por dois anos. Nesse período, a banda Spectrum, abalada pelo fato e sentindo falta de apoio e de estrutura, resolveu encerrar suas atividades. A maior parte das prensagens do disco permaneceram nas instalações da Todamérica e o material caiu no esquecimento.
O baixista, Toby, morreu no começo dos anos 90 em um acidente de carro. Em 1998, José Luiz Caetano buscou os integrantes remanescentes da banda para uma tentativa de reunião. O reencontro nunca aconteceu, porém a iniciativa resultou na reedição em CD do álbum.
Nos anos 2000, um colecionador peruano, que morava em Burbank, procurou o também colecionador Luiz Antônio Torge, pedindo ajuda para localizar uma lista de LPs de rock psicodélico brasileiro. Luiz administrava na época o site Rato Laser, com capas de discos raros brasileiros. Entre os nomes da lista estava Geração Bendita. Torge não conhecia o disco, por isso resolveu investigar e acabou entrando em contato com José Luiz Caetano, ex integrante da banda. O colecionador só conseguiu chegar a José Luiz por intermédio do diretor do filme, Carlos Bini, o único nome completo na contracapa do disco original.
Logo, Geração Bendita chegou a Thomas Hartlage, do selo alemão Psychedelic Music, em uma gravação enviada por Torge. Thomas ficou impressionado com a autenticidade da obra e passou o próximo ano tentando localizar uma cópia do LP original, pela qual acabou pagando mil e quinhentos reais. Depois de virar raridade, cult entre colecionadores europeus, Geração Bendita foi relançado em outubro de 2001 em caprichada edição de vinil, numa tiragem limitada, pela Psychedelic Music. Hans Pokora, autor da série de livros Record Cellector Dreams chamou o disco de “uma joia da música psicodélica”.
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Esse filme é uma viagem hehehehe
Mas será que estas novas edições saíram das gravações master? Pois, pelo que eu sei, nunca conseguiram acham as gravações master pra extrair a melhor qualidade de áudio possível. 🙂
O relançamento saiu do som desse lp mesmo,citado.
Boa matéria só não entendí o porque do autor da matéria chamar o disco de geração “maldita”, esse não é o titulo.
Puxa, foi um erro e não havíamos percebido. Corrigido! Obrigado por apontar!