Os personagens que fizeram a historia dos quadrinhos em Curitiba

Dia 11 de agosto inaugura na Gibiteca de Curitiba a exposição Traços Curitibanos 2 – Personagens. Em função disso o NA-NU trás diretamente da pesquisa Quadrinhos em Curitiba, de Fulvio Pacheco, o perfil e a história de alguns dos personagens mais importantes da produção local de HQ.

Chico Fumaça: Em maio de 1926, nasceu Chico Fumaça, baixinho, barrigudo, careca, com cara redonda, bigode preto retangular, a maior criação de Chichorro, e com ele sua tia Marcolina, que o castigava freqüentemente com o rolo de macarrão. Esses personagens, através das tiras, eram publicados nos jornais.

Studio na Colab55

Smilinguido: Em janeiro de 1980 surgia personagem de quadrinhos evangélicos Smilinguido, através da desenhista Márcia Macedo D´Haese e do roteirista Carlos Tadeu Grzybowski. A personagem mora numa floresta com outras formigas como: Piriá, Faniquita, Pildas, Forfo, Talento e Tolero, Rainha Formosa e Mestre Formigã, e outros personagens secundários: tamanduás, largatixas, abelhas e cupins, que surgem conforme a necessidade de desenvolvimento das histórias. Essa ênfase evangelizadora continuou depois que a editora Luz e Vida, fundada em 1954, incorporou em 1989 os personagens, transformando estas formigas no seu maior resultado. Usou-as em mais de 700 produtos criados e distribuídos sob a orientação da editora, como marcadores de páginas, livros de história, adesivos de carro, cartões, agendas, papéis de carta, jogos, games, posters, bonecos, livros para colorir, quebra-cabeças, material escolar, papel de presente, camisetas, roupa de cama, toalhas de banho, capa de cadernos, material de festas infantil, álbum de figurinhas, canecas além de peças musicais, longas e série de animação, entre outras coisas. A editora hoje é uma das maiores da cidade.

Marcozinho: Criação de Tako X e Edu Moreira, para tiras de jornal, publicadas inicialmente na Folha de Londrina, de 20 de julho de 1988 até 09 de junho de 1989. O personagem foi idealizado inicialmente como um adolescente infantil, auto-retratando o próprio Tako e o Eduardo: “… as pessoas pareciam não nos levar muito a sério, por parecermos jovens demais para nossa idade (na época isso parecia ser uma grande desvantagem). Resolvi brincar com a nossa situação, desenhando um personagem que representasse o nosso dilema.” O personagem, nestes moldes, foi apenas usado nas primeiras aparições na Folha de Londrina. Depois ele foi reestruturado e sua idade adequada ao seu comportamento. Também sua roupa, um uniforme de marinheiro inspirado no Pato Donald, foi redesenhada. Segundo Tako, “Marco é um menino super-ativo, influenciável, muito ingênuo e com imaginação bastante fértil. Ele é um personagem atemporal e representa a época da infância dos autores, ou seja, anos 60/70”. Valêncio Xavier, citado por Tako, levanta uma influência no Marco do personagem Calvin (de Calvin & Hobbes), criado por Bill Waterson, em 1985: “Igual a Calvin, Marco vive no mundo irreal de sua imaginação, o que acaba criando suas confusões e desencontros no mundo real” (2004). Também se vê nas primeiras tiras uma enorme influência do Angeli.

Curitibinha: Lançado em outubro de 1994, Curitibinha – Piá Ecológico, Piá Cidadão, de Marcos Vaz. Em evento na Gibiteca com apresentação da banda Lyra e a presença do boneco Curitibinha, além de palestra do autor e distribuição de revistas. A revista, lançada em comemoração aos 300 anos de Curitiba, tem a intenção de apresentar a cidade de forma simples e lúdica às crianças de todas as idades, sob um ponto de vista bem ecológico e politicamente correto, e, entre outras coisas, também divulgar as obras da Prefeitura. Esta publicação lembra as similares de Maurício de Souza, e o personagem central é um menino com o cabelo verde, lembrando uma folha. Marcos Vaz começou sua carreira em 1989, quando criou o personagem que se tornou símbolo oficial de sua cidade natal Umuarama. O personagem se chamava Umuaraminha. Em 1992, Marcos Vaz, já em Curitiba, lança, pelo Ministério da Justiça, a Cartilha da Justiça e, em 1997, publica seu personagem Brasilzinho. As publicações de Marcos Vaz quase sempre são governamentais, mas seu personagem mais conhecido é mesmo Curitibinha.

O Gralha: Em 1997 foi lançada a edição especial da revista Metal Pesado, intitulada 15 Anos de Gibiteca de Curitiba. Mesmo tratando-se de uma publicação mista, destacam-se as aventuras do super-herói Gralha. O herói foi elaborado por vários desenhistas locais: Alessandro Dutra (que criou os trajes do personagem), Gian Danton e José Aguiar (que criaram a história), Antonio Eder, Luciano Lagares, Tako X, Edson Kohatsu e Augusto Freitas, Dutra e Aguiar (que se incumbiram da arte) e Nilson Muller (que já havia vendido suas pinturas como capa para Metal Pesado e que fez a capa também desta edição). Um ano depois, o Gralha voltou a ser publicado na página semanal do suplemento do caderno Fun, da Gazeta do Povo, de 1998 à 2000, em forma de tiras. No jornal, os desenhistas desenvolveram o universo do Gralha e novos elementos foram adicionados a sua mitologia. Ele seria o neto do Capitão Gralha de 1940, uma espécie de tradução folclórica dos heróis dos EUA. Nunca antes viram-se publicados tantos elementos da cultura curitibana dentro de uma revista em quadrinhos. As tiras apresentavam uma Curitiba de um futuro indefinido, que cresceu e se prolongou até o Oceano Atlântico. Os vilões capturados passam o resto dos seus dias na Ilha do Ahú, uma espécie de Alcatraz baseada no extinto presídio do Ahú. São vilões com: Craniano, cuja cabeça gigantesca é tatuada como uma Pêssanka, Araucária, que aumentava seu tamanho, Café Expresso, Homem Lambrequim, Dr. Botânico, Polaquinha, Aranha Marrom. Em 2001, a editora Via Lettera lançou o livro O Gralha, compilando todas as histórias lançadas no jornal. Nesta publicação, além da arte dos criadores, também as de de Jairo Rodrigues, Eduardo Moreira, Rogério Coelho e Augusto Freitas. Posteriormente, o Gralha foi trabalhado por diversos artistas e roteiristas, como Fulvio Pacheco, Adilson Orikassa, DW e muitos outros. Quase todos os quadrinistas curitibanos já desenharam o Gralha de uma forma ou de outra. Segundo Cláudio Rubin, o Gralha foi “uma espécie de catálogo das possibilidades expressivas deste grupo de quadrinistas e do potencial estético do gênero” (2001). E para Dante Mendonça, “a produção é um mélange cultural, que varia até por causa da formação étnica da cidade” (1998).

Los 3 Inimigos: Em 1998 foi lançado Los 3 Inimigos, com tiras e charges de Tiago Recchia, que satiriza os três principais times de futebol da capital, Paraná, Coritiba e Atlético Paranaense, através dos personagens Paranito, Corisco e Atleticon, que no caso são os três “inimigos”. Os personagens. que usam sombreiros mexicanos foram inspirados por Los 3 Amigos, da revista Chiclete com Banana, de Angeli, Laerte e Glauco. Além destes três personagens, pode-se ver outros personagens coadjuvantes, que representam outros times de futebol, como o Malita, do Malutron, e o Leonzito, do Rio Branco.

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Maneco: Em 98 também foi lançada a Maneco, revista que expõe uma faceta particular de Curitiba, a de uma cultura praiana, de muitos adeptos, que se desenvolveu numa cidade onde não existia praia. A revista Maneco foi criada pelos surfistas, músicos e desenhistas René Bernunça e Raphael Perez Langowski, e lançada pela editora Ola, em 1998. A revista em quadrinho que levou para o gibi o universo do surf, por meio do protagonista Maneco, o qual tem como objetivo correr atrás de ondas e se divertir, teve êxito comercial, por esse direcionamento de público, virando mania entre surfistas e adeptos de esportes radicais, crianças e o público em geral. A revista, chegou a contar com 10 mil cópias por tiragem, além de ser vendida em bancas locais, teve uma distribuição alternativa em lojas direcionadas a surfistas, que vendem roupas ou material esportivo, com distribuição em todo o sul do país.

Kika: Através da GibitecaFulvio Pacheco lançou em abril de 2003 sua revista em quadrinhos Fantasias Urbanas. Mas, muitos meses antes, a revista já circulava por Curitiba vendida na Itiban Comics Shop ou na Candyland. E antes disso, a personagem principal já era conhecida do público local, através da pequena revista em quadrinhos Kika, que foi inicialmente publicada em 2000, para a promoção de um evento numa casa noturna. No gibi as personagens eram versões de super-heroínas das idealizadoras desta festa, que encenariam ação, caracterizada como dessas personagens, no palco da boate, e com direito a  malabarismo e pirofagia. Após o evento, a personagem principal e algumas secundárias foram reestruturadas, adotando diversas referências de prostitutas, dragqueens e outras pessoas reais do submundo noturno curitibano. Segundo o editorial de José Aguiar, “A curvilínea heroína vive num mundo onde transitam aqueles tipos malditos, que há muito convencionamos ignorar as damas da noite, os pervertidos… Um universo lisérgico amoral e, às vezes, sem nexo” (2003). A personagem central foi a única que continuou com o nome original, tirado da dragqueen que a interpretou no evento, mas deixou de ter super-poderes e adotou as formas físicas e a razão social da stripper Patybell, que se apresentava em boates da boca do lixo de Curitiba.

Malu e Mascara NegraFolheteen é uma tira de humor semanal vinda dos jornais, criada por José Aguiar. Na série, os adolescentes são vítimas de escárnio, através de dois personagens principais, Malu, uma garota em crise existencial, consciente, mas ainda assim tão adolescente quanto qualquer um de sua idade, e Mascara Negra, um anabolizado ser mascarado, cujo objetivo na vida é exterminar a escória da Terra: os teens. Em 2005 José Aguiar venceu o I Concurso Internacional de Histórias em Quadrinhos, promovido pelo Senac-SP e pela Devir, com a história Ponto Final, protagonizada pelos personagens de Folheteen, série de tiras semanais publicadas em jornais de Curitiba desde 2001. O concurso previa, ao vencedor, a chance de ter um álbum publicado pela Devir.

Lembrando que outros personagens também fazem parte da exposição Traços Curitibanos 2 Personagens, que inaugura sexta agora, dia 11 de agosto na Gibiteca de Curitiba. Destaque para A Loira Fantasma de Curitiba. E fica ligado aqui no NA-NU que a gente preparou um post especial sobre a personagem e sobre o livro de Fulvio Pacheco e Má Matiazi. O evento no dia 11 faz parte da série de exposições Traços Curitibanos e também trará o lançamento das HQs À Moda da Casa, As Aventuras do Pirata Zulmiro, Curitibinha – Vol 1 e Fliperama Mundo Cão.

Para mais da historia dos Quadrinhos em Curitiba, pesquisa de Fulvio Pacheco, continue aqui no NA-NU

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