Quadrinhos em Curitiba: Manticore, terror e ficção científica

Quadrinhos em Curitiba é uma pesquisa de Fulvio Pacheco

Em dezembro de 1998 aconteceu na Gibiteca de Curitiba, no Solar do Barão o lançamento da revista Manticore nº 1, acompanhada da exposição coletiva da arte original que contou com 1460 visitantes. Esta graphic novel de terror e ficção científica explorou, em seus dois primeiros números, a lenda do Chupa-Cabras, que surgiu no interior do estado (Ortigueira) e também assustou a população de Curitiba em 1997, associando-a a óvnis e usando como referência casos relatados.

Studio na Colab55

Capa Manticore Nº 1

A história é sobre um cético detetive, que é contratado para localizar uma estranha criatura, que anda matando animais de pequeno porte nas fazendas do sul de Minas. O detetive consegue descobrir indícios do estranho ser, e aproxima-se do homem que o acolheu, seguindo-o até Curitiba. A criatura sai para caçar na noite curitibana, e, a partir daí a história se desenrola e se transforma numa aventura, envolvendo lendas incas e diversos outros elementos.

Totalmente concebida em Curitiba, a produção da revista surgiu da parceria da editora Monalisa, que patrocinou o projeto através do editor Jeferson Arantes, proprietário da gráfica, o qual queria aproveitar a onda do Chupa-Cabras e fazer um gibi, em conjunto com o Núcleo Estúdio Gráfico, que resolveu mudar o caráter oportunista no negócio e transformar a revista em algo mais consistente. Através do Núcleo estiveram envolvidos com o projeto os desenhistas e roteiristas Antônio Eder, José Aguiar, Luciano Lagares, Líber Paz, Gian Danton e Márcio Freire, sendo que a maior parte dos desenhos da narrativa ficou a cargo de Antonio Eder.

Capa Manticore Nº 2

A história em quadrinhos, dividida em duas edições de 44 páginas cada, teve inicialmente a tiragem de mil exemplares, em tamanho magazine 21 x 27,5 cm, em papel couché de boa gramatura, e sem distribuidora. Em setembro de 1999, após vencer dois prêmios no HQ Mix 98, o de Melhor Revista de Terror e de Desenhista Revelação para Luciano Lagares, a distribuidora de quadrinhos Di-Press passou a trabalhar com a revista. O número de exemplares aumentou para 30 mil, vendidos em todo Brasil.

Em fins de 1999, chegou efetivamente nas bancas o primeiro número da revista, em distribuição nacional. Essa mesma edição, já com distribuição nacional, ganhou mais dois prêmios: Prêmio Ângelo Agostini, de Melhor Roteirista para Gian Danton, e Prêmio Nova, de Melhor Revista de FC, cedido pela Sociedade Brasileira de Arte Fantástica.

Chupa-Cabra, arte de José Aguiar

O visual do Chupa-Cabras foi definido pelos membros do Núcleo, depois de uma pesquisa detalhada sobre as possíveis aparições e dos retratos falados divulgados nos jornais.

Chupa-Cabra, arte de Antônio Eder e Marcio Freire

Os desenhos destas duas revistas foram totalmente pintados a mão, com tinta acrílica, sem ajuda de computador, o que padronizaria o material, desfazendo o toque personalizado do trabalho. Os desenhistas usaram diferentes recursos de linguagem, para contar a história, utilizando histórias paralelas à trama principal. O roteiro indica bastante pesquisa, e merece tanto respeito quanto os desenhos. Ambas edições contam com um prefácio escrito por Gian Danton, e também com os relatórios de um ufólogo sobre o Chupa-Cabras.

Chupa-Cabra, arte de Antônio Eder e Marcio Freire

Nas páginas da Manticore encontram-se imagens de Curitiba, tais como da Torre da Telepar, da Catedral Basílica e de diversos prédios antigos do centro da cidade, onde se desenvolve esta história em quadrinhos, que foge do padrão das similares de super-heróis, pois, segundo Antônio Eder (1999), “Um dos objetivos da Manticore seria atingir um público que normalmente evita a revista de quadrinhos. Atualmente, existem dois tipos de quadrinhos no mercado: os infantis e as revistas de super-heróis… Essas duas categorias nos limitam os consumidores em crianças e jovens”. Outro objetivo da revista, ainda segundo Eder, seria publicar histórias com características totalmente brasileiras, “a Manticore terá o cuidado de resgatar e preservar a estética brasileira de desenho como as histórias feitas aqui” (1999).

Capa Manticore Nº 3

A revista pretendia tratar de personagens e lendas curitibanas, explorando o lado fantástico da cidade. A partir da terceira parte, editada em 2004, foram publicadas também várias histórias curtas por edição, retratando outras aventuras baseadas no imaginário local.

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Apenas um Passo para Liberdade – Roteiro: Diego A. Vieira, arte Allan Ledo Manticore Nº 3
Sci-Fi Comics, por Antônio EderManticore Nº 3

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