Segundo o idealizador Key Imaguire, não existiu um processo de criação da Gibiteca, mas as circunstancias levaram à sua fundação. Na Casa Romário Martins os responsáveis pela publicação Casa de Tolerância se reuniam num espaço onde ele, que na época coordenava a casa, cedia.
Foi assim que surgiu em 1976 a ideia de um espaço estruturado para esse tipo de reunião, com pranchetas e uma biblioteca para apoio. Como não houve possibilidade de implantação a curto prazo, foram iniciados levantamentos básicos, como a tomada de depoimentos dos cartunistas e quadrinistas de Curitiba e a montagem de arquivo com material jornalístico. Também em virtude disso surgiu o Gibitiba, publicação que parcialmente supriu a carência de atuação dos interessados em cartuns e quadrinhos.
A idealização só aconteceu quando o então prefeito Jaime Lerner ficou sabendo da ideia, através do jornalista Aramis Milarch, que conhecia o projeto. Então em 1982, houve uma reunião na Prefeitura com o prefeito, Aramis Milarch, Domingos Bongestabs e Key Imaguire Junior para deslanchar a ideia.
O primeiro projeto de Imaguire foi feito para um local bem modesto, onde hoje está o monumento a Belarmino e Gabriela, mas não foi aceito.
Ainda, segundo Imaguire em 1979, ele e o também arquiteto Domingos Bongestabs confeccionaram um segundo projeto inserindo a Gibiteca no espaço onde hoje é a Rua 24 Horas. Como a solicitação do projeto não impunha qualquer restrição, e a cidade passava por uma fase de grandes obras, e a Gibiteca poderia ser inserida entre elas, um projeto maior foi apresentado. Mas também acabou não viabilizado, pelo alto custo e uma crise periódica. “…não sei devido a que, petróleo, sei lá, mas era evidente que um investimento desse porte numa Gibiteca pegaria mal, no âmbito político” (IMAGUIRE, 2006). “Fizemos algo excessivamente grandioso para tempos de crise” (IMAGUIRE, 2004).
Mas foi chamado quando houve a efetivação de um terceiro projeto para a Galeria Schaffer. Foi uma decepção, mas tinha que ser aceito, pois antes de tudo a Gibiteca poderia ser um grande e inédito incentivo à produção local: “pra quem sonhava com aquele prédio monumental, uma salinha na Galeria Schaffer não era nada… Mas poderia ser o embrião para a instituição evoluir, certo? Então concordei em assessorar a instalação.” (IMAGUIRE, 2006).
Enfim, a Gibiteca de Curitiba foi inaugurada em 15 de outubro de 1982, numa das lojas da Galeria Schaffer, restauração de um ano antes. Imaguire conta que inicialmente a Gibiteca foi dirigida como uma biblioteca infantil. Mas isso logo mudou, graças a coordenação de Márcia Squiba, a qual se estendeu até 2001.
A Gibiteca de Curitiba era um local de leitura, com acervo básico de boas publicações, montado inicialmente com doações de colecionadores e de editoras. E, além de montar seu próprio acervo, passou a ajudar coleções de seus frequentadores, através de trocas de gibis repetidos que eram doados.
A Gibiteca de Curitiba na Galeria Schaffer passou a promover diversas atividades, como exposições, concursos de HQs, cartuns e caricaturas, encontros com autores, palestras, feiras de livros e revistas, e incentivo à criação (com cursos, workshops e encontros com profissionais da área).
A primeira exposição da Gibiteca aconteceu em dezembro, na própria Galeria Schaffer. Era intitulada GRAFIPAR – 4 Anos de Quadrinhos e fazia um panorama da produção daquela que foi a maior editora de quadrinhos de Curitiba, responsável pelo segundo “boom” dos quadrinhos nacionais.
Como se verá a seguir, foi por intermédio da Gibiteca de Curitiba que a partir desta exposição da GRAFIPAR, iniciou uma série de exposições e eventos que muito interferiram na história dos quadrinhos locais.