O Mágico de Oz, de 1938, o histórico filme da MGM

O Mágico de Oz, de 1938, é um dos mais importantes filmes da história do cinema e a mais conhecida obra relacionada a Oz.

Por aqui já falamos bastante sobre o clássico da literatura, toda a série do ‘cânone oficial’ de livros, sobre o autor Frank L. Baum, Ruth Plumly Thompson e os outros autores que colaboraram com a série, os ilustradores que deram cara e cor à Oz, e sobre as primeiras adaptações da obra para o teatro e cinema. Agora chegou a hora de falar sobre a mais consagrada adaptação de Oz, o filme O Mágico de Oz, de 1939.

Jack Haley (Lenhador de Lata), Judy Garland (Dorothy Gale), Ray Bolger (Espantalho) e Bert Lahr (Leão Covarde)

O Mágico de Oz é considerado um dos mais importantes filmes da história do cinema. O renomado crítico de cinema Roger Ebert o chamou de “um dos melhores filmes já feitos”. O filme consta na lista de melhores filmes de todos os tempos de publicações como Medium, AdoroCinema, Observatório do Cinema, Rotten Tomatoes, Metacritic, Cine Click e pelo American Film Institute. O instituto também classificou a vilã do filme (a Bruxa Má do Leste) como uma das melhores vilãs de todos os tempos. A revista Bula e a britânica Empire também citam O Mágico de Oz como um dos melhores filmes já feitos. A revista  Rolling Stone o classificou como o melhor filme do ano “mais milagroso” de Hollywood; 1939. Foi indicado a cinco Oscars, incluindo Melhor Filme, ganhando Melhor Canção Original por Over the Rainbow e Melhor Trilha Sonora Original, além de um Oscar Juvenil que foi entregue a Judy Garland. Além disso, segundo a Biblioteca do Congresso dos EUA, é o filme mais assistido da história, além de ser um dos filmes mais caros da história até então.

Anúncio de Jornal

Apesar de toda a relevância artística e histórica que O Mágico de Oz carrega, o filme possui uma história bastante complicada. Marcado por uma produção conturbada, mudanças de diretores e acidentes nas gravações, o filme chegou muito perto de não acontecer.

A pré-produção do filme começou em 1938. Inspirados pelo sucesso de A Branca de Neve, de 1937, a MGM adquiriu os direitos da obra de Frank L. Baum com a intenção de produzir um um filme de fantasia, inspirado em literatura infantil, como o longa da Disney.

Anúncio de jornal

O filme teve o envolvimento de 5 diretores e 11 roteiristas no total. Noel Langley, Florence Ryerson e Edgar Allan Woolf receberam crédito pelo roteiro, enquanto outros fizeram contribuições não creditadas. Muitos dos roteiristas envolvidos não sabiam que outros profissionais estavam trabalhando no filme. O primeiro diretor a trabalhar no projeto, Norman Taurog, trabalhou apenas durante a pré-produção e não chegou a colaborar com o produto final. Abandonando o projeto para trabalhar no filme Com os Braços Abertos (Boys Town) de 1938. Richard Thorpe assumiu então a função, porém seu trabalho não agradou a MGM e nada do trabalho desenvolvido pelo cineasta sobreviveu ao corte definitivo. O terceiro diretor envolvido no projeto foi George Kucor. Kucor concordou em tocar o projeto temporariamente enquanto o estúdio procurava um novo diretor e ocupou apenas três dias a função. Foi porém fundamental para o desenvolvimento da personagem de Dorothy. George Kucor deixou a produção para trabalhar em E O Vento Levou. Victor Fleming, normalmente é creditado como o principal diretor de O Mágico de Oz. Dirigiu a maioria do filme, todas as cenas coloridas que se passam em Oz. Fleming também deixou a produção para trabalhar em E O Vento Levou e ficou a cargo de King Vidor terminar o filme. Vidor foi o responsável pela direção das cenas em preto e branco, passadas no Kansas. Incluindo a consagrada sequência musical de Over the Rainbow.

Cartaz de divulgação do filme

Várias atrizes foram consideradas para o papel de Dorothy, incluindo Shirley Temple, na época, a estrela infantil mais proeminente; Deanna Durbin, atriz relativamente novata, porém com uma reconhecida voz operística, e Judy Garland, a mais experiente das três. Oficialmente, a decisão de escalar Garland foi atribuída a questões contratuais. O filme é ainda estrelado por Frank Morgan (Mágico de Oz), Ray Bolger (Espantalho), Bert Lahr (Leão Covarde), Jack Haley (Lenhador de Lata), Billie Burke (Glinda) e Margaret Hamilton (Bruxa Má do Oeste).

A música foi composta por Harold Arlen e adaptada por Herbert Stothart, com letras de Edgar ‘Yip’ Harburg. Arlen recebeu o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original pelo seu trabalho.

Uma extensa busca de talentos reuniu mais de cem pessoas com nanismo para interpretar os Munchkins. Isso significava que a maioria das sequências de Oz do filme teriam que ser filmadas antes que o trabalho na sequência de Terra dos Munchkins pudesse começar. De acordo com o ator Jerry Maren, que interpretou um dos Munchkins, cada pessoa recebia mais de US$ 125 por semana (equivalente a US$ 2.700 hoje). Meinhardt Raabe, que interpretou o legista, revelou no documentário de 1990 The Making of the Wizard of Oz que o departamento de figurinos e guarda-roupas da MGM, sob a direção do designer Adrian (Adrian Adolph Greenburg, mais conhecido como Adrian), teve que projetar mais de 100 figurinos para as sequências dos Munchkins. Eles fotografaram e catalogaram cada Munchkin em suas fantasias para que pudessem aplicar consistentemente a mesma fantasia e maquiagem em cada dia de produção.

Em sua estreia o filme foi, no geral, bem recebido pela crítica, com raras exceções. Como mencionado, recebeu diversos Oscars, entre outros prêmios. O Mágico de Oz porém não conseguiu lucrar com sua bilheteria, graças em grande parte ao enorme custo de sua produção, e não se tornou o clássico absoluto como é conhecido imediatamente. O filme conquistou seu lugar na história e nos corações do publico em exibições posteriores pela televisão. Nos EUA, a exibição anual do longa se tornou uma tradição.

Como uma das peças mais importantes e controversas da história do cinema e a obra mais consagrada de toda produção relacionada a Oz, muitos livros poderiam ser escritos sobre a produção e repercussão da versão de 1938 de O Mágico de Oz (e muitos livros FORAM escritos!). Nessa nossa análise de todo o fenômeno cultural de Oz, iremos voltar muitas vezes a falar sobre o filme. Descubra você também o reino de Oz e toda sua história e relevância cultural aqui no NA-NU.

Se você se interessa pelo universo de Oz, acompanhe o NA-NU. A gente já vem há algum tempo realizando uma extensa pesquisa a respeito de toda história deste universo fantástico, suas principais adaptações, versões e spin-offs, além de seu impacto e relevância histórica, política e social.

Ao longo dos próximos meses o NA-NU irá publicar esta pesquisa em uma série de textos aqui no blog e em vídeos em nosso canal do Youtube.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *