Quadrinhos em Curitiba é uma pesquisa de Fulvio Pacheco
A Gibiteca de Curitiba sempre foi um dinâmico centro cultural, que, mesmo sem ter seu potencial completamente explorado, foi responsável por cursos, exposições, lançamentos e eventos dos mais variados tipos, os quais foram iniciativas inestimáveis no incentivo a formação de uma produção na área gráfica, considerada uma das mais importantes do Brasil.
As diversas gerações de desenhistas formados pela Gibiteca, na sua maioria são fruto das oficinas e cursos regulares fornecidos à comunidade. Quase todos os professores ministrantes destes cursos são profissionais formados pela própria Gibiteca. Esses professores tem como precursor Cláudio Seto, expoente da Grafipar e sempre ofereceram diferentes cursos de capacitação, de formatos variados como o de anatomia humana do médico-desenhista Paulo Nery, o de perspectiva de Wilton Pacheco, o de Mangá de Fulvio Pacheco e Adilson Orikassa e o geral de quadrinhos nas categorias básico, intermediário e avançado aplicados por profissionais como: Tako X, José Aguirar, Antônio Eder, Fulvio Pacheco, Daniel Souza Gomes, Alessandro Dutra, DW Ribatski, Allan Ledo, Marcelo Oliveira entre outros. Todos com o objetivo de transmitir a experiência adquirida através das suas publicações, em muitos casos também orientando para aspectos práticos de como fazer negócio com esse tipo de arte em mercados como o de ilustração. Atrás dele viram muitos artistas responsáveis pela produção de quadrinhos local como Tako X, José Aguiar, Antônio Eder, Alessandro Dutraapresentando diferentes categorias de quadrinhos como é o caso de Wilton Pachecoresponsável pelo curso de perspectiva.
Não só no pequeno espaço pedagógico da Gibiteca de Curitiba, mas nas reuniões informais de ex alunos, foi possível vislumbrar uma prática proporcionada por ela que fez florescer a categoria cultural dos quadrinhos na cidade de Curitiba.
Confira abaixo um pouco da história dos cursos palestras e oficinas ministrados na Gibiteca de Curitiba:
Em maio de 1987 as exposições Novos Autores e Rumos da Pesquisa nos Quadrinhos, de Marcelo Martins e Walcir Costa apresentavam as evoluções gráficas dos desenhistas que freqüentavam a Gibiteca. Esse incentivo à produção local sempre foi o objetivo da Gibiteca, através de suas exposições, palestras e oficinas. E nesse ano era claro sua influência: a produção local efervesceu imediatamente.
Em 1988, a Gibiteca, ainda na Galeria Schaffer, começou a oferecer para a comunidade o curso semestral regular de História em Quadrinhos. Segundo Márcia Squiba (2006), diretora da Gibiteca na época, “O que acontecia antes disso era que as pessoas se reuniam na Gibiteca para desenhar, e naturalmente acontecia uma troca de informações e idéias”. O primeiro professor da Gibiteca foi Cláudio Seto, considerado o primeiro mestre do mangá brasileiro. Seto foi o introdutor do estilo mangá (História em Quadrinhos japonesa) no Brasil.
A Gibiteca continuou a oferecer diversos cursos e oficinas quando em 1992, na ocasião da 1º Bienal Internacional de Quadrinhos, aconteceu a exposição de ex-alunos dos cursos da Gibiteca, intitulada Diletantes do Barão. Em abril de 1995, Edgar Vasques lança o livro Caras Pintadas, acompanhado da exposição Edgar Vasques – 27 Anos de Grafismo e do curso de Grafismo Aplicado à Imprensa. Em março de 1997, o médico e professor da Gibiteca, Paulo Nery de Lima, deu uma mostra do trabalho dos alunos do Curso de Histórias em Quadrinhos, ministrado por ele, durante o ano de 1996, intitulada Quadrinhos da Oficina. Esta exposição contou com a presença de 1.138 visitantes, média de visitas neste período nas exposições organizadas pela Gibiteca.
Em março de 1998, em virtude da reforma do Solar do Barão, a Gibiteca de Curitiba mudou-se provisoriamente para a sede da Fundação Cultural de Curitiba. As atividades, como as reuniões do foto clube e os cursos de história em quadrinhos, passaram a ser na Casa Vermelha. No final de julho de 1998, a Gibiteca voltou para o Solar do Barão, com a reforma do espaço ainda não concluída, cancelando assim a realização dos cursos. Segundo Marcia“em tempos de crise nós temos que ser criativos. Quando a Gibiteca mudou para a garagem do Solar, eu ‘emprestava’ salas de outros setores, e fazia exposições e eventos em espaços alternativos como bares, shoppings, escolas, terminais de ônibus, etc.” Desta forma, a Gibitecavoltou a oferecer seus cursos de histórias em quadrinhos.
A sessão de fanzines da Gibiteca de Curitiba foi enriquecida com os fanzines de fechamento de cursos, produzidos pelos alunos no término dos cursos de quadrinhos ministrados na Gibiteca, desde sua fundação, em 1982. Em julho de 1993, a Gibiteca promoveu o III Encontro Internacional de Fanzines, com fanzineiros do Paraná e de outros Estados, e contando com a presença de Edgar Guimarães, crítico, pesquisador, colecionador e presidente da Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas de São Paulo, que ministrou oficina de fanzines e proferiu palestras.
Em 1994 um grupo de desenhistas, saído das oficinas da Gibiteca de Curitiba, intitulado Núcleo de Quadrinhos de Curitiba, iniciou sua produção, e em junho promoveu uma reunião com a apresentação de vídeos e debates sobre historias em quadrinhos, aberto ao público. Os componentes do Núcleo: Antônio Eder, Luciano Lagares, José Aguiar, Alessandro Dutra, Adriano Eduardo, Odyr Bernardi, Davi Araújo e Theo Cordeiro, no mês de outubro desse mesmo ano, produziram a exposição Heróis Curitibanos, de desenhos e lendas de personagens da cidade como a Polaquinha, o Aranha Marrom, o Porco Preto, a Garota de Topete e outros.
Em novembro de 2001 foi implantado o curso específico do estilo mangá, ministrado inicialmente por Fulvio Pacheco e Daniel Souza Gomes, à tarde, e por Adilson Orikassa, pela manhã. entre os cursos básicos, intermediários e avançados de história em quadrinhos já oferecidos pela Gibiteca com professores como José Aguiar, Adilson Orikassa, Antônio Eder e Alessandro Dutra. Em 2006, Marcelo Oliveira, ministrava o curso de quadrinhos intermediário da Gibiteca.
Em 2006, nasceu do curso de histórias em quadrinhos ministrado por José Aguiar a revista em quadrinhos Quadrinhópole. Segundo o autor Leonardo Mello, o grupo constituído de André Caliman, Joelson Souza, Anderson Xavier, entre outros, começou a se encontrar na Gibiteca em 2000. Tinham vontade de publicar uma história em quadrinhos e foram se aprimorando: “…os desenhistas freqüentavam o curso do José Aguiar e foram melhorando cada vez mais. Hoje, inclusive, muitos deles trabalham na área”.
E essa é apenas uma fração da história dos cursos e oficinas na Gibiteca. Uma história em construção, já que até hoje a Gibiteca oferece cursos e oficinas em seu espaço.
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